quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

São Pedro do Sul - Baiões

Freguesia de Baiões


Brasão: escudo de ouro, cruzeiro de azul, entre quatro espigas de trigo de vermelho, alinhadas em pala, duas à dextra e duas à sinistra; em campanha, monte de verde, carregado de uma espiga de trigo de ouro. Coroa mural de prata de três torres.
Listel branco, com a legenda a negro: «BAIÕES».



Bandeira: Azul. Cordão e borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro.

Selo: nos termos da Lei, com a legenda: «Junta de Freguesia de Baiões – S. Pedro do Sul».

Baiões situa-se a três Quilómetros da Sede de Concelho, São Pedro do Sul e dista cerca de 25 Quilómetros da Sede de Distrito, que é Viseu.
Está localizada a quatro quilómetros a Oeste da Vila de São Pedro do Sul e a quatro quilómetros a Norte das Termas. Dispersa por 12 povoações, entre elas: Costeiras, Igreja, Lágea, Outeiro, Picoto, Portela da Cruz, Quinta Nova, Seara, Segadães, Souto, Tamonde e Vila Pouca. Baiões tem uma área de 2,44 Km2 e uma média de 300 habitantes.
Baiões é um topónimo de origem germânica, designativo de uma “villa” que dá o nome a uma das mais influentes e poderosas famílias nobres fixadas, em tempos idos, neste território.
É uma freguesia muito antiga, sendo algumas das suas povoações anteriores à fundação da nacionalidade, como provam alguns documentos escritos e a toponímia local. Já nas inquisições de 1258 se refere que um nobre, Rui Gonçalves “ de Calvos”, aqui fizera uma “quintã” de morada. É ainda referido nestas inquisições o facto de, já nessa altura, existir uma Paróquia denominada de “Sancte Eolalie de Vayões”- ( Santa Eulália de Baiões).
Os pontos turísticos da freguesia com mais destaque são o Castro da Senhora da Guia, a Capela e o Adro que foram reconhecidos em 1992 como monumentos nacionais. Na referida Capela foram encontrados, em 1947, três jóias de ouro que hoje fazem parte do Museu Nacional de Arqueologia de Lisboa.
Existem ainda vários pontos de interesse, como é o caso da casa de família Pinho Bandeira e ainda vários aproveitamentos no Turismo Rural.


Um outro tipo de jóia muito frequente, também encontrado entre os vestígios arqueológicos achados nos castros lusitanos é o torques, um tipo de colar em forma de ferradura que termina numa espécie de botões. Estes seriam usados pelos chefes de clã e também pelos chefes militares eleitos pelos lusitanos, entre as elites guerreiras, em tempo de crise. Um dos torques mais antigos, se não mesmo o mais antigo, foi encontrado em 1948 no castro da Senhora da Guia de Baiões.
Uma das principais vertentes da metalurgia lusitana era a produção de armas: punhais, lanças, pontas de lança e falcatas.



O punhal era curto, leve e facilmente manejável o que fazia dele uma arma defensiva e ofensiva letal. Um punhal era constituído pela lamina de bronze que podia ser lisa e tinha uma nervura central que o tornava mais espesso e mais resistente e tinha um cabo em madeira a que se fixava por rebites ou pregos e por isso, quando encontrado por completo, apresenta os orifícios onde esses rebites penetravam.

As pontas de lança que se conhecem têm um alvado perfurado lateralmente com dois orifícios colocados simetricamente para fixação ao cabo de madeira. Estas seriam transportadas pelos guerreiros até ao local de combate e aí fixas a um cabo. Os exemplares encontrados apresentam em geral uma lâmina triangular e secção mais ou menos losangonal.

A metalurgia deste longo período de um milénio que consideramos como o período de formação dos lusitanos passa depois, numa segunda fase, a utilizar o ferro. Alguns dos objectos de ferro apresentam datações dos séculos X-XI a.C. o que pressupõe que uma utilização de objectos de ferro, certamente usados apenas por uma elite, coexistiu com os objectos de bronze fabricados localmente.

A partir da entrada do ferro, a evolução vai ser rápida e a vida dos povos peninsulares altera-se. As formas metalúrgicas não se alteram radicalmente, pode-se mesmo dizer que elas se mantêm, embora o metal fosse agora outro. Os instrumentos utilitários, nomeadamente os agrícolas e as armas passam a ser de ferro, o que vai facilitar o amanho da terra e as restantes tarefas agrárias. 

Casas do Cimo da Lágea
 (povoação da Lágea)
As casas de arquitectura rústica, integradas no ambiente local, estão situadas próximo das Termas de São Pedro do Sul, no Vale do Vouga. A tranquilidade que aqui se vive é um convite ao repouso.          

Quinta do Souto

Casa do século XVI, inserida numa quinta, a 1500 metros das Termas de São Pedro do Sul
Solidamente implantada, desde o Séc.XVI, no alto do seu soalheiro promontório, a Casa da Quinta do Souto, domina uma paisagem única de serenidade e harmonia com a natureza.
As seculares pedras das suas paredes são veneráveis e silenciosas testemunhas de uma história onde a realidade e o mistério dos factos se confundem com a fantasia das suas lendas e mitos e com a ficção dos romancistas.
Em cada recanto se promove o encontro entre o passado e o presente… 600 anos de história na Quinta do Souto que vivem por detrás das suas ancestrais paredes graníticas, onde a calma e o repouso existem.

 (Quinta do Souto)

Castro da Senhora da Guia

Conhecido por "Castro de Baiões", o "Castro de N. Sra. da Guia" situa-se no monte que lhe deu nome, sobranceiro ao rio Vouga, no topo do qual se ergue uma capela consagrada à N. Sra. da Guia, a cerca de 4 quilómetros da vila de Baiões e das Termas de S. Pedro do Sul.
Estamos perante um povoado de altura edificado durante a Idade do Bronze (mais propriamente no século VII a. C.) estabelecido para esta região do actual território português que mereceu a atenção dos arqueólogos somente em 1973. Foi, então, sistematicamente escavado sob orientação do arqueólogo Monselhor Celso Tavares da Silva, recolhendo-se, entre outros, objectos líticos, fragmentos cerâmicos (nomeadamente com decoração incisa, estampilhada, brunida e com mamilos) e artefactos de bronze (especialmente pontas de lança e fíbulas), integrados na colecção arqueológica daquela instituição eclesiástica (SILVA, 1982).
Do espólio recolhido até ao momento sobressaem, no entanto, três torques e um víria de ouro maciço, a par de um "depósito de fundidor" entretanto identificado na estação arqueológica ( LOPES; SILVA, A. C. F. e SILVA, C. T. da, 1984).
Das primitivas estruturas são ainda visíveis vestígios das habitações de planta predominantemente circular e do muralhado composto de uma única linha. Na verdade, pouco sobreviveu do povoado devido à destruição à qual foi sujeito durante as obras de terraplanagem para construção da capela, do adro e das respectivas vias de acesso (OLIVEIRA, 2001).
Integrando o Bronze Final da Beira Alta, designado por alguns autores de Horizonte Baiões-Santa Luzia (SENNA-MARTÍNEZ, 1995), é provável que o castro se inserisse numa ampla rede de povoamento emergida neste período, em zonas interiores até então pouco desenvolvidas, a exemplo do Baixo Mondego, acompanhando "[...] a absorção e reprodução local de armas, utensílios e objectos de adorno metálicos, expressão do desenvolvimento e poder das elites locais que controlam a sua produção e circulação." (Id., 1998, p. 219).
Os últimos estudos colocarão, todavia, nos últimos séculos do II milénio a. C. o papel de "lugares centrais" de alguns destes povoados, conquanto não constituíssem centros de confrontos militares, funcionando, pelo contrário, como "[...] garantes de um equilíbrio regional [...] possibilitando uma mútua cooperação que permitisse o funcionamento regular dos mecanismos de circulação de pessoas e bens indispensáveis ao sistema de "wealth finance" que pensamos fundamentaria a economia e o poder das elites locais." (Id., Idem, p. 222), permeáveis a contactos com o "comércio" atlântico e mediterrânico.
A Capela de Nossa Senhora da Guia terei sido, segundo antigas tradições locais, registadas por Frei Agostinho de Santa Maria no  Santuário Mariano , edificada em meados dos século XI - XII, como cumprimento de uma promessa feita à Virgem pelas tropas cristãs durante a Reconquista, com pedras retiradas do designado Castelo dos Mouros, ou de Baiões (OLIVEIRA, A. Nazaré, 2001).
 Segundo a tipologia que apresenta, de um pequeno templo rural edificado para romarias sazonais, a actual Capela da Senhora da Guia terá sido construída em meados do século XVII, albergando a partir de 1679 uma irmandade com a mesma designação, cujos estatutos foram confirmados por D. João de Melo, bispo de Viseu.
 A capela apresenta planimetria rectangular composta pelos volumes da nave única, com coro-alto, e da capela-mor, diferenciados interiormente por desnível do pavimento. No exterior, o templo é desprovido de qualquer elemento decorativo, tendo sido anexada a sacristia ao alçado posterior. O portal principal foi rasgado numa das fachadas laterais.
 No interior, destacam-se os retábulos de talha neoclássica branca e dourada, o principal disposto ao centro da capela-mor e albergando a imagem em madeira estofada de Nossa Senhora da Guia, datada do século XV, e dois colaterais, dispostos em ângulo.
Ana Martins e Catarina Oliveira
GIF/IPPAR/2005

A Nossa Senhora da Guia localiza-se numa elevação montanhosa, no cume da qual  se ergue uma Capela de oráculo à Senhora da Guia.
Verificou-se neste local e nos seus declives a presença de vestígios arqueológicos denotando a existência de um antigo povoado castrejo. O seu período crono-cultural remonta à Idade de Bronze, mais exactamente ao Século VII a. C

(Castro da Senhora da Guia)
Em 1973, o Castro foi alvo de uma intervenção arqueológica coordenada pelo Professor de Arqueologia do Seminário de Viseu, Monsenhor Celso Tavares da Silva. Desta feita, foi dado a conhecer um conjunto de peças que constituem o espólio da Castro de Baiões, na Srª da Guia: cerâmicas várias, pontas de lança, facas, contas de colares, mós de mão, pesos de tear, objectos lipticos, para além de algumas casas de planta circular e vestígios de um plano de muralha. Tudo isto faz parte do espólio do Seminário de Viseu tendo já estado exposto no Museu nacional de Arqueologia, em Lisboa, onde estão permanentemente dois colares e uma bracelete em ouro maciço, normalmente usadas por guerreiros, que foram encontradas na Srª da Guia, a quando das obras junto à Capela, em 1947.
Em 1992, ainda se podiam ver por entre vegetação, os muros das casas de planta circular, tendo nesse ano, o Castro sido classificado pelo Ministério da Cultura como Monumento Nacional, pelo decreto nº. 26-/92 de 1-6.
O alto do castro da Srª da Guia era um ponto estratégico sobre o Rio Vouga, constituído um ponto defensivo por acastelamento, evidenciando-se a presença de “honras” senhoriais, provocando a ocupação medieval deste Castro.

(Capela de Nª. Srª Da Guia)

Baiões tem como padroeira Santa Eulália; que se celebra em Dezembro

(Santa Eulália)
Para além desta Santa, as gentes da freguesia celebram em Julho o Santíssimo e têm especial carinho por Nossa Senhora da Guia, cuja  festa se realiza na Segunda-feira de Páscoa, altura em que acorrem muitos populares à sua Capela, pois é uma celebração muito conhecida na região.
A Procissão das Cruzes celebra-se no Primeiro Domingo de Maio e é considerado o acto religioso mais tradicional da freguesia.

Festas e Romarias: Nª. Srª. Da Guia – Castro (segunda-feira de Páscoa) e Festas Populares (1º Domingo de Julho)

Património:


(Igreja e Torre sineira de Baiões) 
(Igreja Matriz)

















(Castro de Nossa Senhora da Guia)

Cruzeiro de baiões,
Capela e Adro de Nossa Senhora da Guia,
Casas da Lágea, do Fundo, da Quinta Nova, de Segadães e de Tamonde e Alminhas da Burgueta, de Quinta Nova e de Segadães.

Património cultural edificado:
Igreja paroquial e seu campanário;
Casa da Quinta Nova;
Casa de Segadães;
Cruzeiro de Baiões;
Adro da Igreja de Na. Sra. da Guia.







Segundo as Inquirições de 1258, ordenadas por D. Afonso III, a Igreja de Santa Eulália era patronato de cavaleiros locais, tendo passado posteriormente a ser do Cabido da Sé de Viseu. Em termos de património edificado, são vários os monumentos de interesse.

Lenda:

Há uma lenda que se refere à possibilidade de ter existido uma igreja, no lugar de S. Tiago, a norte da freguesia. Essa igreja, servia as duas paróquias vizinhas, Baiões e Bordonhos. Ora os fidalgos de então, um de cada paróquia, entraram em conflito por causa do início da missa. A desavença partiu do facto de um dos fidalgos exigiu que o padre começasse a dizer a missa mal ele chegasse, o que irritava, de sobremaneira, o outro fidalgo, que fez a mesma imposição ao sacerdote, ameaçando matá-lo se não cumprisse a sua exigência. No domingo seguinte, vendo que o seu pedido não tinha sido respeitado, levou por diante a sua intenção e matou o padre. A população indignada perante tal acto, destruiu a igreja. A ser verdade, as telhas antigas que subsistem no local de S. Tiago serão as do referido templo.

Quanto à Igreja Paroquial, consagrada a Santa Eulália, foi terminada no ano de 1778, com a construção da capela-mor e dos altares colaterais. Há ainda uma série de casas senhoriais de relativo interesse histórico e arquitectónico, que revelam a forma como, no passado, a Nobreza local viu a freguesia de Baiões e lhe deu importância.

Património Paisagístico:
Miradouro natural a 177m de altitude com vista panorâmica sobre toda a extensão da freguesia

 Actividades Económicas: Agricultura e pequena Indústria

Gastronomia

Vitela Assada no Forno

Ingredientes:

1, 200 kg de carne de vitela para assar
2 dl de vinho branco
6 dentes de alho
1,5 dl de azeite
1 colher de sopa mal cheia de colorau
pimenta
sal
1 ramo de salsa
batatas pequenas
Modo de Preparo
1. Temperar a carne com sal, os dentes de alho esmagados, colorau, pimenta e vinho branco.
2. Colocar a carne num tabuleiro de barro. À volta dispor as batatas descascadas e a salsa. Regar com o azeite.
3. Levar ao forno a assar. O forno deve ter sido previamente aquecido e depois colocado no mínimo, para que a carne asse lentamente.

 Aletria

Ingredientes:
1 litro de leite
300 g de açúcar
250 g de aletria (macarrão cabelo de anjo)
3 gemas batidas
Raspas de limão (opcional)
Canela em pó

Modo de Preparo
1.   Colocar leite para ferver com o açúcar
2.   Acrescentar o macarrão deixando cozinhar em fogo médio até amolecer
3.   Retirar do fogo
4.   Passar as gemas por uma peneira, dissolvendo com um pouco de leite, adicioná-las ao macarrão
5.   Juntar as raspas de limão, se quiser
6.   Misturar bem, servir em compoteira e polvilhar com canela

Artesanato: Carpintaria
                                       
Festas e Romarias:
Festa em honra de Na. Sra. da Guia na segunda-feira imediatamente a seguir ao domingo de Páscoa; Procissão das Cruzes no primeiro domingo de Maio; Festa em honra do Santíssimo em Junho; Festas Populares de Baiões no primeiro fim de semana de Julho; Festa em honra de Sta. Eulália em Dezembro

Orago: Santa Eulália
     
Santa Eulália Padroeira da Paróquia de Baiões
=10 de Dezembro=

Ladainha das Cruzes
=Primeiro Domingo de Maio=

(homens:) Senhor Deus, mes’ricórdia!
(mulheres:) Senhor Deus, mes’ricórdia!
(homens:) Mãe de Deus e mãe nossa, mes’ricórdia!
Mulheres:) Mãe de Deus e mãe nossa, mes’ricórdia!

Fonte:
Lusitanos - No tempo de Viriato - João Luís Inês Vaz - Ésquilo
Fotos da Net
© Carlos Coelho

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